Paz e amor entre os homens
“Quando a Lua estiver
na sétima casa
E Júpiter se alinhar
com Marte,
Então a paz guiará os
planetas
E o amor dirigirá as
estrelas.
Este é o alvorecer da
Era de Aquário.”
(A Era de Aquário –
da peça Hair, música gravada por The Mammas and the Papas)
A Era de Aquário, a Idade
do Ouro, Shangrilá e outras tantas criações do espírito humano apontam para uma
época, passada ou futura, em que o amor determina as relações entre as pessoas
que viverão em harmonia e compreensão.
A busca da justiça,
seja pela ação de um soberano sábio que decida com perfeição as disputas
particulares, seja pela submissão de todos ao império da fraternidade, é a
principal tarefa nas sociedades humanas. Tarefa nunca realizada porque o homem
sempre antepõe ao interesse comum o seu particular, justo ou não.
O rei Salomão e
Jesus, o filho do operário, são exemplos bíblicos de líderes, que realizou a
justiça um e pregou em favor da fraternidade o outro. As declarações dos
direitos humanos, na Revolução francesa e no pós Segunda Guerra Mundial, são
exemplos recentes de definição de regras a serem cumpridas pelas sociedades
civilizadas modernas, tendo por fim a convivência respeitosa e justa.
Além das ações
políticas organizadas visando o império da justiça entre os homens, há o sempre
renovado anseio pela felicidade em sociedade expresso pelos artistas em suas
criações. A Divina Comédia, de Dante Alighieri, apresenta um panorama das
misérias e do sublime em que vive a alma humana; o poema Morte e Vida Severina,
de João Cabral de Melo Neto, expõe a desgraça do homem explorado e miserável; a
música Jesus Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach, exalta a fé na
recompensa divina para os homens de boa vontade; e tantos outros exemplos da
criação do gênio humano mostram o valor da paz e da justiça, sempre frustradas
e procuradas.
A Maçonaria, sendo
uma instituição que abriga mistérios e alegorias, que desenvolve seus trabalhos
em rituais específicos e que oferece oportunidade a seus adptos de elevar sua
consciência a planos cuja realidade se torna incomunicável, como se para tanto
faltassem palavras, como se elas estivessem perdidas, afirma seu objetivo de um
modo simples e insofismável: “Fazer feliz a humanidade”. Simples e belo, como
toda obra de arte clássica. A Maçonaria apresenta como seu objetivo principal
aquele que inspira desde sempre na história humana à busca do ideal, talvez
impossível, de realização da promessa da era de aquário, quando a paz guiará os
planetas e o amor dirigirá as estrelas.
Com este objetivo, a
Ordem Maçônica se torna também uma instituição devotada à busca da paz e do
amor para uma sociedade perfeita que somente existirá quando também as
promessas da Era de Aquário se concretizarem, quando Shangrilá for mais que um
anseio, quando os homens viverem em união, “harmonia e concórdia e aumento de
salário não tiver briga nem discórdia”.[1]
Mesmo sendo uma
quimera, uma utopia, deve ser mantido vivo o objetivo grandioso da Ordem. Sem
ele, ficamos com a realidade rude do irmão que destrói ou subjuga seu irmão,
ficamos sob o controle explícito ou dissimulado da maioria por uma minoria
poderosa e egoísta. Se compararmos o que se faz efetivamente na sociedade e na
Ordem, com a quimera do “Fazer feliz a humanidade”, ficaremos conscientes da
distância entre o sonhado e o real e aí, talvez, nos incomodemos um pouco com a
realidade do egoísmo e da indiferença reinantes.
Robson de Barros
Granado (M.´. I.´. da A.´. R.´. L.´. M.´. Stanislas de Guaíta 165 - GLMERJ).
Publicado na edição 318 da Folha Maçônica, em 15 de outubro de 2011.
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